Câmbio Powershift: o que você precisa saber antes de comprar um carro com esse sistema

Está pensando em comprar um carro usado com câmbio Powershift? Entenda os problemas, vantagens, cuidados e descubra se vale a pena investir nesse tipo de transmissão automatizada.

Equipe Seu Carro Usado

7/18/20253 min read

Interior de Ford Focus com câmbio Powershift em destaque, alavanca na posição “D” e painel de marcha
Interior de Ford Focus com câmbio Powershift em destaque, alavanca na posição “D” e painel de marcha

O que é o câmbio Powershift e por que ele ficou tão famoso?

O Powershift é uma transmissão automatizada de dupla embreagem desenvolvida pela Ford. Lançado globalmente em 2010 e presente em modelos como New Fiesta, EcoSport e Focus, ele prometia unir o melhor dos dois mundos: economia de combustível como um manual e conforto de um automático.

Na teoria, sua tecnologia deveria proporcionar trocas de marchas rápidas e suaves, com duas embreagens trabalhando alternadamente – uma para as marchas ímpares e outra para as pares. A ideia era sofisticada, mas a realidade dos motoristas foi outra.

Principais carros com Powershift no Brasil

Se você está pesquisando o mercado de usados, os modelos mais comuns com câmbio Powershift são:

  • Ford New Fiesta (hatch e sedã, principalmente entre 2013 e 2016)

  • Ford Focus (versões com motor 2.0, até 2016)

  • Ford EcoSport (principalmente 2.0 até 2017)

Muitos desses veículos ainda são encontrados no mercado por valores atrativos, justamente por conta da desvalorização causada pela fama ruim do câmbio.

Os principais problemas do Powershift

Apesar de sua proposta avançada, o Powershift logo ganhou fama de problemático. Veja os principais defeitos relatados:

  • Trepidações ao arrancar

  • Trancos nas trocas de marcha

  • Perda de potência em subidas

  • Superaquecimento da transmissão

  • Travamentos e falhas eletrônicas

Esses problemas afetaram especialmente as versões com embreagem seca, muito mais sensíveis ao calor e umidade. A Ford chegou a ampliar a garantia de 3 para até 10 anos em algumas unidades, e realizou diversas campanhas de reparo.

Por que o câmbio deu tanto problema?

O câmbio Powershift foi desenvolvido para mercados com infraestrutura mais adequada, mas no Brasil enfrentou desafios severos:

  • Calor excessivo nas cidades

  • Trânsito intenso (para/anda constante)

  • Manutenção negligenciada por muitos donos

  • Falta de mão de obra especializada

A vedação ineficiente permitia que o fluido contaminasse componentes eletrônicos e embreagens, o que causava travamentos e perda de desempenho.

Comparação com outros câmbios problemáticos

Vale lembrar que o Powershift não foi o único câmbio automatizado que enfrentou críticas no Brasil:

  • Dualogic (Fiat): trepidações e demora nas trocas

  • I-Motion (Volkswagen): trocas bruscas e falhas no módulo

  • Easytronic (Chevrolet): embreagem frágil e ruídos

Mas o Powershift se destacou negativamente por equipar carros muito vendidos e por ser vendido como automático, quando na prática era um automatizado de dupla embreagem.

Impacto no mercado de usados

O Powershift ainda gera desconfiança. Mesmo modelos bem conservados com baixa quilometragem são evitados por lojistas e consumidores. Em média:

  • A desvalorização em relação ao mesmo modelo com câmbio manual pode chegar a R$ 3.000 ou mais

  • O tempo de revenda é bem maior, com carros ficando parados por meses em pátios e plataformas online

  • Muitos revendedores simplesmente não aceitam esses carros como entrada em negócio

A Ford respondeu aos problemas?

Sim. Após várias notificações do Procon e ações judiciais, a montadora lançou campanhas de reparo e ampliou garantias. Nos Estados Unidos, o caso resultou em indenizações milionárias. No Brasil, a Justiça também obrigou a Ford a reparar ou ressarcir clientes em situações comprovadas.

Hoje, ainda existem oficinas especializadas em recondicionar o Powershift. Os preços de conserto variam de R$ 6.000 a R$ 10.000, dependendo do estado do sistema.

É possível comprar um carro com Powershift com segurança?

Sim, mas exige muito cuidado. Antes de comprar, siga este checklist:

✅ Verifique se o carro passou pelas campanhas de recall
✅ Exija nota dos reparos feitos na transmissão
✅ Faça teste com o carro quente e em subida
✅ Consulte um mecânico que conheça o sistema
✅ Prefira unidades pós-2016 (algumas já com melhorias)
✅ Analise o custo-benefício com base no estado geral

Você pode usar a calculadora de avaliação de carro usado para estimar se o valor pedido é justo diante do histórico e possíveis reparos futuros.

E para quem já tem um carro com esse câmbio?

Se você já possui um modelo com Powershift e enfrenta dificuldades para vender, considere:

  • Vender diretamente para pessoas físicas, com transparência total

  • Usar plataformas especializadas que lidam com esse tipo de carro

  • Investir em reparos preventivos e manter toda documentação organizada

  • Apresentar laudo técnico da transmissão em bom estado

E se decidir manter o carro, lembre-se: a condução suave e o cuidado na manutenção ajudam bastante a prolongar a vida útil do sistema.

Vale a pena comprar um carro com Powershift?

Depende. Se você:

  • Entende os riscos envolvidos

  • Avaliou bem o estado do carro

  • Vai usar pouco e com atenção

  • Comprou por um valor bem abaixo do mercado

... pode sim considerar a compra. Mas se busca um carro confiável para uso diário e quer evitar dores de cabeça, é melhor optar por outro modelo ou procurar versões com câmbio manual.

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