Carro 0 km: por que tantos brasileiros estão desistindo do sonho em 2025?
Preços nas alturas, juros elevados e renda em baixa fazem muitos brasileiros desistirem de comprar carro zero km em 2025. Entenda os motivos.
Equipe Seu carro Usado
5/26/20255 min read


Por que tantos brasileiros estão desistindo de carros 0 km em 2025?
Durante décadas, ter um carro zero km na garagem foi parte do sonho de consumo de muitos brasileiros. Em 2025, porém, esse sonho está ficando cada vez mais distante. Os veículos novos atingiram preços tão altos que grande parte dos consumidores simplesmente não consegue mais comprá-los. Soma-se a isso a dificuldade em conseguir financiamento acessível e a perda do poder de compra da população. O resultado é que muitos brasileiros estão desistindo de comprar um carro 0 km e optando por alternativas mais viáveis.
Essa tendência fica evidente em pesquisas de mercado. Em um levantamento recente, quase 30% dos consumidores que planejavam comprar ou trocar de carro afirmaram ter desistido do negócio. Os principais motivos citados foram justamente os preços proibitivos dos veículos 0 km e a insegurança financeira em assumir uma dívida de longo prazo.
Preços altos afastam os compradores
O preço dos carros 0 km no Brasil disparou nos últimos anos. Hoje, mesmo o modelo mais barato do mercado não sai por menos de aproximadamente R$ 70 a 80 mil, um valor inacessível para a maioria das famílias brasileiras.
Diversos fatores explicam essa escalada de preços. A carga tributária sobre automóveis é elevada, encarecendo os modelos novos. Além disso, a incorporação de novas tecnologias de segurança e emissões (obrigatórias por lei) aumenta os custos de produção. Some-se a inflação nos insumos e a estratégia das montadoras de focar em modelos mais caros e lucrativos, e o resultado é que o carro novo, antes ao alcance da classe média, virou um artigo de luxo restrito a uma parcela pequena da população.
Juros elevados e crédito difícil
As condições de financiamento também contribuíram para afastar os compradores de carros 0 km. Taxas de juros em patamares altos encarecem significativamente as parcelas de um financiamento de veículo novo. Muitos consumidores, ao fazer as contas, percebem que financiando um carro acabariam pagando quase o dobro do valor original do veículo devido aos juros acumulados ao longo dos anos.
Além disso, os bancos e financeiras estão mais rigorosos na aprovação de crédito, exigindo entradas maiores e prazos mais curtos. Isso torna a compra financiada inviável para muita gente. Ciente desse cenário, muitos potenciais compradores optam por adiar a aquisição na expectativa de condições melhores — seja uma queda nas taxas de juros ou planos de pagamento mais longos que caibam no bolso.
Renda em baixa e insegurança econômica
A redução do poder de compra da população é outro fator crucial por trás dessa desistência. Mesmo com a inflação relativamente controlada recentemente, os salários não acompanharam o aumento do custo de vida. Muitas famílias viram sua renda disponível encolher nos últimos anos.
Com o orçamento apertado, comprar um carro novo deixa de ser prioridade. As pessoas preferem garantir despesas essenciais, quitar dívidas ou formar uma reserva financeira, em vez de assumir um compromisso tão grande como um financiamento de automóvel. O medo do desemprego ou de novas crises econômicas também pesa na decisão, fazendo o consumidor pensar duas vezes antes de se endividar em parcelas de longo prazo.
Usados em alta e adiamento da troca
Diante desses obstáculos, muitos brasileiros estão voltando suas atenções para o mercado de carros usados. Um veículo seminovo ou com alguns anos de uso pode custar uma fração do valor de um zero km, encaixando melhor no orçamento familiar. Modelos com 10 ou mais anos de idade, por exemplo, atraem compradores por preços na faixa de R$ 15 a 30 mil — bem mais acessíveis do que os 0 km atuais. Assim, quem antes pensava em comprar um carro novo passa a considerar opções de segunda mão, que oferecem um custo-benefício mais alinhado à realidade financeira.
Além disso, muitos proprietários estão adiando a troca do carro que já possuem. Em vez de trocar o veículo atual por um zero km, eles preferem continuar com o usado por mais tempo, realizando apenas as manutenções necessárias para mantê-lo rodando. Muitas vezes, essa decisão ocorre porque eles não conseguem vender o carro antigo pelo preço esperado. Mesmo que consigam, o valor obtido na venda somado às economias disponíveis ainda não seria suficiente para comprar um modelo novo. Desse modo, a renovação da frota fica mais lenta: os carros permanecem mais tempo com seus donos e a idade média dos veículos em circulação aumenta a cada ano.
Impactos para a indústria automotiva
As consequências desse movimento são preocupantes para a indústria automotiva nacional. O mercado de carros novos encolheu em relação ao seu potencial: atualmente, as vendas anuais giram em torno de 2 milhões de unidades, bem abaixo da capacidade instalada das montadoras no país, que é superior a 4 milhões de veículos por ano. Ou seja, as fábricas conseguem produzir muito mais carros do que a quantidade que está sendo vendida.
As montadoras têm conseguido vender a produção atual principalmente graças ao público de maior renda e às vendas para frotistas (como locadoras de veículos). Ainda assim, ficam longe de aproveitar todo o potencial do mercado brasileiro. Se uma parcela enorme da população não consegue mais comprar carros novos, as fabricantes enfrentam linhas de produção ociosas, redução de lucros e até o risco de ter que fechar fábricas no longo prazo por falta de demanda suficiente.
Perspectivas: há solução à vista?
Nos últimos anos, o governo tentou aliviar a situação com medidas emergenciais, como a redução temporária de impostos para baratear carros de entrada em 2023. No entanto, essas iniciativas tiveram efeito passageiro e limitado. Até o momento, não surgiu uma solução definitiva para alinhar o preço dos carros 0 km à realidade do bolso do brasileiro médio.
A tendência é que os preços dos veículos novos permaneçam elevados, ainda mais com a inclusão constante de novos itens de segurança, tecnologia e eficiência que aumentam os custos. Por outro lado, espera-se que a economia e a renda da população melhorem gradualmente nos próximos anos, o que poderia trazer mais compradores de volta ao mercado de zero km no longo prazo. Ainda assim, para grande parte dos brasileiros, o carro novo deverá continuar sendo um sonho difícil de alcançar enquanto não houver mudanças significativas nesse cenário de preços altos versus renda baixa.
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