Como evitar golpes ao comprar um carro usado de particular

Evite prejuízos: veja as principais dicas para não cair em golpes na compra de um carro usado de particular. Segurança e atenção fazem toda a diferença.

6/10/20254 min read

Duas mãos trocando um documento automotivo brasileiro com a palavra “LICENCIADO”, sobre uma mesa de
Duas mãos trocando um documento automotivo brasileiro com a palavra “LICENCIADO”, sobre uma mesa de

Comprar de particular vale a pena — mas exige cuidado

Negociar diretamente com o proprietário é, muitas vezes, a forma mais vantajosa de comprar um carro usado. Sem intermediários, as chances de conseguir um preço mais baixo aumentam. Porém, o risco de cair em um golpe também cresce.

Se por um lado o vendedor particular pode ser honesto e estar apenas trocando de carro, por outro há quem use esse tipo de negociação para aplicar fraudes. A boa notícia é que com atenção e alguns cuidados simples, é totalmente possível evitar armadilhas.

A seguir, veja como se proteger em cada etapa da compra de um carro usado direto com o dono.

Desconfie de preços muito abaixo da média

Esse é o primeiro alerta: se o preço está muito abaixo da Tabela FIPE ou da média de mercado, é provável que haja algo errado. Pode ser:

  • Carro com problemas mecânicos graves;

  • Débitos e multas em atraso;

  • Veículo sinistrado (recuperado de batida ou enchente);

  • Clonagem ou adulteração.

Pesquise o modelo no mercado e compare os preços praticados. Um valor “bom demais para ser verdade” geralmente esconde uma dor de cabeça.

Verifique a procedência com os dados do veículo

Antes de sequer visitar o carro, peça ao vendedor as seguintes informações:

  • Placa completa (incluindo letras);

  • Número do Renavam;

  • Nome completo do proprietário atual.

Com esses dados, é possível fazer consultas online que mostram:

  • Existência de multas e IPVA em atraso;

  • Histórico de furto/roubo;

  • Restrições judiciais ou financeiras (alienação, bloqueios);

  • Sinistros e passagem por leilão;

  • Licenciamento e documentação em dia.

Hoje, há serviços pagos e gratuitos que fazem essa verificação, e vale cada centavo para evitar prejuízos.

Cheque se o carro não passou por leilão ou enchente

Muitos carros sinistrados voltam ao mercado como se nada tivesse acontecido. Eles passam por reformas estéticas e são vendidos por preços atrativos. Mas a estrutura pode estar comprometida — e o prejuízo será seu.

No documento do veículo, verifique o campo "Observações". Se houver indicação de “Sinistro”, “Recuperado” ou “Leilão”, desconfie. A maioria desses carros tem valor de revenda bem menor e podem apresentar falhas graves ao longo do tempo.

Além disso, observe:

  • Cheiro de mofo ou umidade;

  • Carpete e estofamento trocados ou mal instalados;

  • Parafusos oxidados e sinais de ferrugem;

  • Diferenças de cor entre partes internas e externas.

São pistas de que o carro pode ter sido alagado ou mal reformado.

Nunca transfira valores sem ter feito a vistoria

Mesmo que o vendedor pareça confiável, jamais faça transferências antecipadas sem ver o carro, sem vistoria ou sem contrato. Os golpes mais comuns envolvem:

  • Venda de veículos inexistentes (fotos roubadas de anúncios);

  • Pedidos de “sinal para segurar o carro”;

  • Valores pagos sem recibo ou comprovante.

Sempre vá até o local combinado, verifique a documentação pessoal do vendedor (CNH ou RG + CPF), e agende a vistoria veicular antes de fechar negócio. Isso evita ser enganado por atravessadores ou golpistas.

Faça a vistoria veicular completa antes de fechar

Antes de assinar qualquer documento ou pagar o carro, leve o veículo a uma empresa de vistoria de confiança. Ela vai verificar:

  • Número de chassi, motor e vidros;

  • Situação do hodômetro (quilometragem);

  • Alterações na estrutura ou indícios de sinistro;

  • Presença de adulterações em etiquetas e lacres.

Se possível, também leve um mecânico de confiança para avaliar o estado geral (motor, suspensão, câmbio, freios, etc). Isso ajuda a evitar surpresas logo após a compra.

Documentação: só feche com recibo assinado e firma reconhecida

Ao fechar o negócio, o vendedor precisa preencher e assinar o CRV (Certificado de Registro do Veículo) com seus dados. É obrigatória a firma reconhecida em cartório, tanto do comprador quanto do vendedor.

Não aceite:

  • CRV em branco;

  • Promessas de “assinar depois”;

  • Recibos rasurados ou com dados divergentes.

Além disso, você tem 30 dias para transferir o carro para seu nome. Passado esse prazo, pode haver multa e pontos na CNH.

Considere registrar um contrato de compra e venda

Apesar de não ser obrigatório, o contrato de compra e venda protege ambas as partes. Nele, devem constar:

  • Dados completos do comprador e vendedor;

  • Informações do veículo (placa, Renavam, chassi, modelo, cor);

  • Valor da negociação;

  • Data de entrega do veículo e do pagamento;

  • Cláusulas sobre responsabilidades e débitos anteriores.

Esse contrato pode ser impresso, assinado com firma reconhecida e até anexado ao processo de transferência. Em caso de disputa judicial, será um documento importante.

Golpe mais comum: “passar o carnê”

Um dos erros mais arriscados é quando alguém vende um carro ainda financiado e apenas entrega o carnê de boletos para o comprador, mantendo o financiamento no nome original.

Essa prática é ilegal e extremamente perigosa. Quem assinou o contrato do financiamento continua sendo o responsável legal, mesmo sem o carro. Se o novo dono atrasar as parcelas, o CPF de quem vendeu será negativado.

Como evitar isso?

  • Faça a quitação do financiamento com o valor da venda;

  • Ou, se o comprador quiser continuar pagando, faça um novo financiamento diretamente no nome dele (com aprovação de crédito);

  • Só transfira com tudo quitado e legalizado.

Conclusão: segurança acima de tudo

Comprar carro de particular pode ser um ótimo negócio — desde que feito com cautela. Golpistas estão cada vez mais criativos, mas os cuidados básicos continuam sendo os mesmos: pesquisar, desconfiar, consultar e documentar.

Resumo rápido: como não cair em golpe

  • Nunca pague antes de ver o carro e os documentos;

  • Desconfie de preços muito baixos;

  • Consulte a placa e o Renavam em sistemas confiáveis;

  • Faça vistoria completa antes de fechar;

  • Exija recibo assinado e firma reconhecida;

  • Evite comprar carro financiado sem quitação oficial.

No fim das contas, o melhor negócio é sempre aquele que une bom preço, carro em bom estado e segurança para ambas as partes.

Links internos sugeridos: