Multa por desistência de compra de veículo usado: quando você realmente precisa pagar?
Desistiu da compra de um carro usado? Descubra quando há multa, se o sinal deve ser devolvido e quais são seus direitos e deveres no contrato.
Equipe Seu Carro Usado
9/2/20254 min read


Comprar um carro usado pode ser o sonho realizado ou a solução financeira mais viável para muitas famílias. Mas a verdade é que nem sempre a negociação chega até o fim. Às vezes, o comprador desiste porque encontrou outro veículo melhor, o vendedor muda de ideia por achar que vendeu barato demais, ou ainda surge um problema inesperado no carro.
É nessa hora que aparece a dúvida que tira o sono: afinal, existe multa por desistir da compra de um veículo usado? O que acontece com o sinal já pago? E quando o vendedor é quem desiste, o que muda?
Este guia vai esclarecer de forma prática como funciona a desistência na compra de um carro usado, quando há multa, quem paga e como evitar prejuízos desnecessários.
O que a lei diz sobre desistência na compra de carro usado
No Brasil, a regra não está escrita de forma explícita em uma única lei. A desistência é regulada principalmente pelo Código Civil (que trata do sinal, também chamado de arras) e pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), quando a compra é feita em loja ou concessionária.
Três fatores determinam as consequências:
A existência ou não de contrato escrito;
O tipo de sinal acertado;
Se a compra foi entre particulares ou em estabelecimento comercial.
Ou seja: não existe uma resposta única. Cada caso depende do acordo feito e da forma como foi documentado.
Sinal (arras): o ponto central da desistência
O sinal é o valor dado no início da negociação para garantir o negócio. Ele pode assumir dois formatos distintos, que mudam completamente a consequência em caso de desistência.
Arras confirmatórias
Esse tipo de sinal tem como objetivo confirmar que a compra será concluída. Caso haja desistência:
Se o comprador desistir, perde o valor pago.
Se o vendedor desistir, deve devolver em dobro.
Arras penitenciais
Aqui, o sinal funciona como uma cláusula de arrependimento. Ou seja, as partes já aceitam de antemão que pode haver desistência:
O comprador que desistir perde o sinal.
O vendedor que desistir deve devolver em dobro.
A diferença é que, nesse caso, o direito de desistir é reconhecido como legítimo, desde que a penalidade seja cumprida.
📌 Leia também: Contrato de compra e venda de veículo: como fazer e por que registrar
Compra entre particulares: como funciona a multa
Quando a compra é feita entre particulares, muitas vezes não há contrato formal. Nesse cenário, o que vale são comprovantes de pagamento (recibo, transferência, PIX) e trocas de mensagens que demonstrem a negociação.
Se não existir cláusula clara sobre desistência:
O comprador pode perder o sinal pago, caso seja ele quem desista sem motivo.
O vendedor pode ter de devolver o sinal em dobro se desistir sem justificativa.
Em ambos os casos, despesas comprovadas (como vistoria cautelar, laudo de procedência ou deslocamentos) também podem ser cobradas.
Esse tipo de negociação é mais frágil juridicamente, por isso é fundamental formalizar ao menos um contrato simples, para não depender apenas da interpretação do juiz em caso de disputa.
Compra em loja ou concessionária: regras diferentes
Quando o negócio é feito com uma empresa, o Código de Defesa do Consumidor se aplica. Isso significa mais proteção para o comprador.
Situações comuns:
Muitas lojas incluem no contrato uma taxa administrativa de cancelamento caso o cliente desista.
Se o cancelamento acontecer depois da emissão da nota fiscal, pode ser necessário abrir um processo formal de devolução.
Em casos de propaganda enganosa, defeitos graves ou informações omitidas, o consumidor pode desistir sem pagar multa.
Na prática, o CDC dá mais espaço para o comprador recorrer judicialmente se sentir-se lesado, mas a loja também pode cobrar indenização por despesas já feitas, desde que previstas em contrato.
📌 Leia também: Transferência de veículo: taxas, valor e como fazer no Detran em 2025
Situações mais comuns de desistência
Comprador desistiu sem motivo justo
Geralmente perde o sinal. Em contrato com cláusula clara, pode até pagar multa adicional.Vendedor desistiu após receber o sinal
Precisa devolver em dobro, salvo se houver justificativa aceitável (ex.: documento irregular descoberto no meio do processo).Descoberta de problema grave no veículo
Se houver vício oculto (motor comprometido, fraude de quilometragem, sinistro não informado), a desistência do comprador tende a ser considerada válida, sem multa.Arrependimento do comprador em loja
Mesmo fora do prazo de 7 dias do direito de arrependimento online, ainda é possível negociar cancelamento, mas pode haver taxa administrativa.
📌 Leia também: Como saber se o carro usado está mesmo com a quilometragem original
Como se proteger de prejuízos
Formalize por escrito: mesmo um contrato simples já evita dor de cabeça.
Defina o tipo de sinal: se será confirmatório ou penitencial.
Descreva as condições de desistência: inclusive prazos e valores de multa.
Use meios de pagamento rastreáveis: evite dinheiro vivo, prefira PIX ou TED.
Documente cada passo: laudos, vistorias e recibos são provas em eventual disputa.
Conclusão
Desistir da compra de um carro usado pode sair caro, mas tudo depende de como a negociação foi feita e registrada. O comprador que desiste sem justificativa pode perder o sinal, enquanto o vendedor que recua sem motivo pode ser obrigado a devolver em dobro.
Para não correr riscos, o ideal é sempre formalizar o contrato, definir claramente as condições de desistência e guardar todos os comprovantes. Assim, caso o negócio não vá adiante, você terá respaldo legal para não sair no prejuízo.
💡 Antes de fechar qualquer negócio, use a Calculadora de Avaliação de Carro Usado para descobrir o valor real de mercado do veículo. Isso ajuda a tomar decisões mais seguras e reduz a chance de arrependimento depois.

